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Vivendo uma vida em curvas: a natureza do êxtase

por Richard Rudd


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Vivemos em um mundo de ângulos e arestas bem delimitadas, estreitas, rígidas. Essa é a realidade moderna. Mas eu gostaria de lembrar de um outro mundo – um mundo mais verdadeiro, um mundo que está bem abaixo das nossas rotinas diárias, um mundo de quietude – um mundo de curvas.

Cada vez mais, eu tenho me encontrado nesse mundo, o mundo das curvas. Tendo vivido e "jogado” nos últimos dez anos em um mundo de sistemas e arestas, ângulos, razão e lógica, estrutura e respostas, pressuponho que seja absolutamente natural. E naturalmente, eu compartilharia esse novo mundo com aqueles que pudessem escutar essa verdade, com aqueles que podem abrir seus corações o suficiente para absorvê-lo. Pois eu percebi agora algo importante – o êxtase é uma curva.

Tudo sobre a nossa linguagem reflete o quão curvilínea é a vida que levamos. Viver uma vida sinuosa é permitir que a própria vida flua fluidamente ao longo das horas, dias e anos. É deixar tudo escorrer por entre os dedos. A curva final é o sorriso, e quanto mais suavemente fluímos pela vida, mais profundo brilha o sorriso dentro de nós. A natureza adora curvas, mas a mente do homem não é capaz de digeri-las – elas estão muito cheias de incerteza e, acima de tudo, são muito fáceis. Em nosso mundo moderno, as curvas não são mais economicamente viáveis – na arquitetura, custam muito tempo e dinheiro. Foram-se a vez dos arcos graciosos, as colunas arrebatadoras, a alvenaria fluida incorporada nas grandes catedrais da Europa. Raras são as bordas macias e simples do adobe. Nos dias atuais, tudo são ângulos, números, blocos e quadrados. Até mesmo a curvatura da forma feminina foi suplantada pelo reto e angular.

Mas quando chegarmos ao fim de nossas vidas e começarmos a olhar para trás, vamos realmente medir nossa vida em termos de retidão e dureza? Iremos mesmo nos importar com isso que estamos alcançando? Acho que não. A única medida verdadeira da vida é o quanto de êxtase e admiração sentimos ao longo da estrada e o quão profundamente amamos e fomos amados. Esta é a verdadeira arte da vida – mas é tão tristemente perdida nesta era de conquistas. Metas são boas, mas apenas como pontos vetoriais que beijam as curvas de nossas vidas. Um grande golpe foi lançado ao mundo – que os estados mais elevados de consciência são inalcançáveis para nós. Isso está totalmente errado. Nosso único desafio real é deixar de pensar que devemos correr atrás deles.

Êxtase é tão fácil. Você apenas tem que parar o que está fazendo por um momento  e ele simplesmente está lá. O mundo do êxtase não pode ser alcançado ou apreendido. Ele só pode ser permitido, o que significa que devemos suavizar nosso olhar, nosso toque, nossa voz e nossa mente. A única coisa que importa é soltarmos, deixarmos ir. Se você ainda não está nesse processo de desapego, está perdendo o essencial da vida e perseguindo aquilo que não é essencial. Você nunca poderá ter aquela linha reta que está procurando. Você nunca encontrará aquela resposta ou essa certeza, porque a própria vida é construída a partir da incerteza.

Certo dia, em uma discussão, Heisenberg disse a Einstein que Deus simplesmente deve ter mais informações do que nós. Eu amo esse diálogo. Mesmo Einstein, um amante das curvas, não podia aceitar isso totalmente. E Heisenberg estava certo  a vida é um mistério a ser vivido, e não um enigma a ser resolvido.

Viver uma vida curva é continuar se tornando mais e mais suave e render-se mais a cada dia da vida. É entreter as grandes forças Yin do universo. No ventre deste grande Yin, todas as arestas começam a perder seus ângulos à medida que a consciência emana do centro. Limites se dissolvem, momentos fluem, um para outro, as estações fundem-se belamente, as palavras se tornam música, tons harmoniosos.

Como na minha própria vida e trabalho, os sonhos começam a assumir uma vida própria e o subjetivo e o pessoal tomam o lugar do impessoal. Nada mais do que você diz ou faz precisa fazer qualquer sentido. Nenhum evento requer que você entenda. Nenhuma relação precisa ser alterada. Nenhum sofrimento precisa ser removido. O essencial é mover-se para dentro – para dentro dos incêndios, para as feridas, para o desconhecido. Não há nada mais forte neste universo do que uma curva. E ainda assim uma curva também é a forma mais macia do universo. Se você atacar a vida, ela vai lutar e sempre vai ganhar porque no final ela vai roubar a sua felicidade. Mas se você deixar que ela te conquiste, se você deixar que seu sofrimento o corte mais profundamente, ele vai, mais cedo ou mais tarde, se dissolver. Você não lhe deixa escolha. Mas quão poucos entendem isso.

Você não pode aprender a viver uma vida curva. Não há sistema ou sequência que possa ser seguido. É algo que desperta dentro de você. No passado, eu falei muito sobre o despertar do centro do plexo solar. Se você viajar profundamente dentro do seu corpo, você verá que ele é feito apenas de curvas e arcos que se cruzam e fluem uns nos outros. Todas as curvas levam a um lugar – ao ventre, ao centro. Nosso abdômen é composto de três taças ou diafragmas, e à medida que a consciência explora essas taças em profundidade através da respiração, o espírito vivo da consciência superior desperta.

Há mapas. Sempre houveram mapas. Sou um dos maiores amantes e leitores de mapas. Mas depois há o terreno. Se você não tirar os olhos do mapa, você vai perder o essencial. A verdadeira essência de todo o trabalho das Chaves-Gene é a transformação da consciência humana na área do plexo solar. Não há respostas reais no livro¹, e é por isso que eu o amo, e é também essa a causa que muitos não o compreendem. Há apenas descrições de estados humanos de consciência. Mas esses estados são reais. Se você ler qualquer aspecto de qualquer Chave-Gene, você vai encontrar-se lá em algum lugar. Mas os estados mais altos, aqueles campos de frequência que tanto almejamos – eles nunca cederão aos nossos esforços. Se não aprendermos a suavizar a maneira como passamos nossas horas, nunca entraremos nesses planos elevados, mas permaneceremos nada mais do que viajantes endurecidos.

O êxtase é ondulado. Essa é a minha mensagem central. Olhe ao seu redor e veja quantas ondulações e curvas você pode ver. Você vai notar um fenômeno imediatamente estranho – no momento em que você encontra uma curva, ela leva você a outra. O processo nunca acaba. É assim que é a consciência do plexo solar – ela conecta cada momento de vigília ao momento seguinte, fazendo de nossas vidas um belo e longo arco, saindo do vazio e voltando ao vazio, continuamente. Mas você precisa suavemente se apressar – se não se permitir realizar o grande segredo místico, você perderá muita diversão na vida.

No preocupado mundo de hoje, essa verdade é necessária mais do que qualquer outra coisa – a lembrança do essencial – para confiarmos na curvatura da vida, para apreciarmos onde e quando ela se cruza com a parábola dos outros, e de vez em quando, parar e descansar sob a sombra de uma árvore e apenas desfrutar do perfume do seu próprio ser.


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¹  Livro As Chaves-Gene – Liberando seu Propósito Superior


 
 
 

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